O cooperativismo como primeiro escalão de governo
Vem de Alagoas um exemplo que merece ser observado com atenção pelos gestores públicos do país.
Vem de Alagoas um exemplo que merece ser observado com atenção pelos gestores públicos do país.
O governo estadual criou a Secretaria Executiva de Cooperativismo, Associativismo e Economia Solidária com a missão de fortalecer as cooperativas, incentivando um setor que espalha oportunidades para 120 mil cooperados e gera 6 mil empregos para os alagoanos. Hoje são 215 cooperativas em 59 municípios. A secretaria trabalha para estimular a criação de novas e consolidar as que já existem.
Os números do mais recente Anuário Coop publicado pela Organização das Cooperativas do Brasil (OCB) são indiscutíveis. Municípios que contam com a presença de cooperativas apresentam um aumento de 28,4 empregos a cada 10 mil habitantes. As coops ainda aceleram o empreendedorismo: cidades que têm cooperativas exibem um acréscimo de quase 15 estabelecimentos por mil habitantes.
Nenhuma outra forma de organização distribui tanto benefício e de forma tão justa à economia de um lugar como o cooperativismo.
Em julho, estive em Maceió e acompanhei de perto o trabalho pioneiro do secretário Adalberon Sá Junior para transformar a Secretaria de Cooperativismo em legado do atual governo. Boas políticas públicas são essenciais para direcionar o desenvolvimento de um país, estado ou município. É definir com inteligência e estratégia onde os recursos públicos devem ser alocados para dar maior retorno à população.
Não se trata de intervir na economia, pelo contrário. Ao mapear o cooperativismo como um motor de vantagens competitivas para Alagoas, o governo ajuda a reforçar o modelo, estimulando as pessoas a se organizarem em cooperativas, e colhe os frutos lá na frente sob a forma de mais desenvolvimento. É aquela velha história de ensinar a pescar em vez de dar o peixe.
E os resultados já começam a aparecer por lá. Uma pós-graduação criada pela secretaria em parceria com a Universidade Estadual de Alagoas está formando os primeiros 40 alunos em Gestão de Cooperativas. Em convênio com o Instituto Federal de Alagoas, mais de 200 jovens já passaram por cursos de qualificação em cooperativismo, isso em todo o Estado. Nas escolas estaduais mentores estão sendo selecionados para ensinar o tema aos alunos do Ensino Médio.
E tem mais: através de uma chamada pública, 23 cooperativas do setor agrícola passaram a abastecer as escolas da rede estadual no ano passado, iniciativa que está sendo renovada e ampliada. A chamada deste ano já selecionou 41 cooperativas.
Rodadas de negócios ajudam as cooperativas a fechar contratos. Uma delas aproximou as cooperativas das empresas que fornecem alimentos para o sistema prisional, hospitais, UPAs, restaurantes populares e unidades de internação para menores. Neste mês de agosto, uma nova rodada apresentará a 300 dirigentes de hotéis, pousadas, bares e restaurantes as cooperativas alagoanas de agricultura, reciclagem, artesanato e turismo de base comunitária.
E o recém-criado Observatório do Cooperativismo fará o raio-x do setor em todo o Estado para embasar os próximos projetos. O estudo em parceria com universidades locais começou a mapear não apenas os números, mas os impactos socioeconômicos do cooperativismo na vida dos alagoanos.
A minha paixão pelo cooperativismo me faz acreditar que o exemplo de Alagoas tem tudo para inspirar outras iniciativas na mesma direção em todo o país, por parte de prefeituras, governos estaduais e do próprio governo federal. Afinal, uma ideia que surgiu há 180 anos e se mantém eficiente e produtiva, distribuindo riqueza ao invés de concentrá-la, precisa entrar no radar dos gestores públicos.
