O pioneirismo das cooperativas na pauta ambiental

11 de março de 2024

O pioneirismo das cooperativas na pauta ambiental

O cooperativismo brasileiro teve participação ativa na Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, a COP 23, que ocorreu em dezembro nos Emirados Árabes.


A presença de cooperativas, representadas pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em um evento desse porte deixa clara a convergência de valores entre o cooperativismo e a pauta climática. Mais que isso, elas atuam com pioneirismo nesta questão.


A responsabilidade ambiental encontra suporte nos princípios do movimento, que se compromete a atuar de forma sustentável nas comunidades.


A adoção de boas práticas faz de algumas cooperativas um farol para o mundo empresarial, até aqui com poucas referências em sustentabilidade.


Durante a conferência, representantes do cooperativismo participaram de quatro painéis, em que apresentaram as soluções brasileiras para uma economia que não ignora o meio ambiente.


Entre os cases, estão ações como a adoção de energia limpa, a integração da lavoura à floresta e a manutenção da cobertura verde do solo para reduzir a necessidade de fertilizantes sintéticos.


Uma das cooperativas que representou o movimento na COP 23 foi a Cooperacre, a maior produtora de castanha-do-Brasil beneficiada do país.


Ela consegue equilibrar a produção com a manutenção da floresta em pé e com a qualidade de vida das famílias cooperadas.


A extração é feita dentro de uma área preservada da Floresta Amazônica e serve como modelo de extrativismo sustentável para a região.


A pauta da sustentabilidade dentro do cooperativismo é mais que uma projeção de futuro, ela se desdobra diariamente em muitas cooperativas, mesmo naquelas cujo escopo não está diretamente conectado à natureza.


Na Unicred União, por exemplo, cooperativa de crédito com abrangência em Santa Catarina e no Paraná, toda a energia que abastece as 12 agências catarinenses é limpa.


Esse resultado foi conquistado com a instalação de duas usinas fotovoltaicas no Extremo-Oeste do Estado.


A energia gerada pelos painéis solares é encaminhada à rede de distribuição elétrica e, por um sistema de compensação, é convertida em créditos para alimentar as agências que estão concentradas no Norte e no Litoral de Santa Catarina.


Esse não é um movimento fruto do acaso. A cooperativa direciona esforços para que a sustentabilidade também oriente as estratégias do negócio.


A Unicred União é uma das pioneiras ao implantar em uma cooperativa de crédito um Comitê ESG (Environmental, Social and Governance), que se dedica a formular uma pauta de responsabilidade ambiental, social e de governança transparente.


Percebo que o cooperativismo tem um papel-chave ao assumir um fato que boa parte do mundo empresarial ainda tem adiado: atuar com ética também envolve o compromisso ambiental. E o que hoje parece uma escolha deverá se tornar imprescindível em pouco tempo.


Nenhuma empresa está desconectada do ambiente em que atua. Uma estrutura madura e coerente precisa responsabilizar-se pelo impacto que gera na qualidade do solo, do ar, da água e no equilíbrio da vida no planeta.

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Vem de Alagoas um exemplo que merece ser observado com atenção pelos gestores públicos do país.
4 de julho de 2024
Você conhece alguém que se informa pelo WhatsApp sem checar se a informação é verdadeira ou não? Dias atrás, um amigo recebeu um vídeo afirmando que as cooperativas crescem no Brasil porque não pagam imposto. Mais um entre incontáveis conteúdos falsos veiculados nas redes sociais – e que nunca circulam por acaso, pois sempre alguém tira proveito disso. No geral, a carga tributária que incide sobre as cooperativas no país é muito parecida com a das empresas, e não é pequena. Há variações de acordo com o ramo da cooperativa e com o estado onde está sediada. E existem peculiaridades que explico a seguir. Em uma cooperativa, todos os cooperados são donos do negócio. Se você é cooperado e decide investir R$ 10 mil em qualquer produto financeiro da sua cooperativa de crédito, e se sou cooperado e tomo emprestado os mesmos R$ 10 mil, temos o chamado ato cooperativo. Ou seja, uma transação entre cooperados, o que não é tributado pela legislação brasileira. A cooperativa é a intermediária da transação. Porém, quando o negócio envolve terceiros – se a cooperativa compra um imóvel ou contrata o serviço de um fornecedor, por exemplo –, a cooperativa paga imposto normalmente. As cooperativas pagam Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido sobre os atos não cooperativos. Ou seja, nas negociações com quem não é cooperado. E os demais tributos que recaem sobre a atividade produtiva, como ICMS, ISS, PIS e Cofins, são recolhidos rigorosamente pelas cooperativas. Há ainda o Fates – Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, que, embora não seja um imposto, é de recolhimento obrigatório e representa pelo menos 5% das sobras líquidas apuradas pela cooperativa no exercício. O Fates se destina à prestação de assistência aos cooperados e seus familiares e, quando previsto no estatuto, aos colaboradores da cooperativa. É o cooperativismo dando retorno direto às pessoas, algo que o governo também deveria fazer com os impostos, mas sabemos que nem sempre acontece. Outra diferença das cooperativas de crédito em relação aos bancos é o risco: na condição de donos, os cooperados assumem a responsabilidade pelo resultado da cooperativa. Se ele for positivo, as sobras são distribuídas entre os cooperados. Se for negativo, arcam com o prejuízo. Na prática, o que costuma ocorrer é que as cooperativas, por serem bem administradas, distribuem esses valores aos associados, irrigando a economia local de maneira bem distribuída. No caso dos bancos, o lucro fica concentrado na mão dos acionistas. E é claro que, todo ano, cada cooperado faz a sua declaração de Imposto de Renda e acerta individualmente as contas com o Leão. No caso das cooperativas de crédito, só para dar um exemplo, paga imposto sobre os ganhos que venha a obter com operações financeiras. Há ainda incidência direta de Imposto de Renda aos cooperados no pagamento de juros ao capital. Quando o conselho da cooperativa decide remunerar o capital social, o cooperado paga o imposto na sua declaração anual. Felizmente, o meu amigo compartilhou o episódio comigo e pudemos esclarecer a informação. Se há uma notícia na qual você pode confiar é que as cooperativas pagam impostos, sim senhor, e geram desenvolvimento onde atuam, e não apenas no Brasil. Cooperar cria empregos, distribui renda e faz bem à prosperidade em todos os países do mundo.
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