2025: o ano do cooperativismo.

10 de junho de 2024

2025: o ano do cooperativismo.

Prepare-se: no próximo ano você lerá e escutará muito mais a palavra cooperativismo. E isso acontecerá em todo o mundo. A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2025 como o Ano Internacional das Cooperativas. 


Para quem ama e pratica o cooperativismo, é um presente. As escolhas da ONU não são meras formalidades. Desde 1957 a organização implementa o Ano Internacional, uma campanha anual que destaca temas-chave para o desenvolvimento humano e sustentável em escala global. 


Na última década, a ONU já celebrou o Ano Internacional de assuntos como agricultura familiar, solo, turismo sustentável e línguas indígenas. E o que as cooperativas têm a ver com pautas tão sociais? Tudo. 


À primeira vista, o cooperativismo pode parecer apenas mais um modelo de negócio – um tipo de banco que cobra taxas menores ou um mercado que devolve sobras em dinheiro uma vez por ano. É isso também, mas essa é apenas a camada mais superficial de um movimento que tem na base a igualdade entre as pessoas e o desenvolvimento da comunidade. 


Em uma cooperativa, os cooperados são donos do negócio e recebem de forma proporcional ao seu esforço e investimento. Com isso, o movimento tira de cena os papéis do explorador e do explorado, que levam ao desequilíbrio da distribuição de renda e, consequentemente, à injustiça social. No modelo cooperativista, a economia continua girando, mas a serviço da qualidade de vida de todos. 


A definição do Ano Internacional das Cooperativas é um reconhecimento ao trabalho sério e consistente do movimento, que começou em 1844. Desde então, o cooperativismo continuou coerente aos princípios originais e conseguiu se manter coeso, mesmo presente em mais de 150 países. 


As cooperativas não são um fenômeno à margem na economia – elas têm força e presença para fazer frente ao mercado tradicional. De acordo com a Aliança Cooperativa Internacional (ACI), há mais de 3 milhões delas no mundo. As 300 maiores movimentam um volume de recursos de US$ 2,4 trilhões e, se fossem um país, seriam a oitava economia do mundo. 


A escolha da celebração em 2025 faz parte de uma nova resolução adotada pelas Nações Unidas, que reafirma o papel do cooperativismo no desenvolvimento social sustentável e reconhece que elas são decisivas na adaptação às mudanças climáticas. Esta resolução orienta que governos fortaleçam o apoio ao ecossistema e adotem leis que facilitem a criação e o crescimento de cooperativas. 


Esta é a segunda vez que o movimento é destacado pela ONU. Em 2012 já houve um Ano Internacional das Cooperativas, que conseguiu sensibilizar muitos setores. Para a ACI, renovar a celebração 13 anos depois é o reconhecimento de que o cooperativismo tem capacidade para promover a Agenda 2030 – o plano global com metas de desenvolvimento sustentável. 


Sou testemunha de que o cooperativismo ainda colhe os frutos de 2012. Quando um tema é pautado pela ONU, significa que naquele ano haverá debates, eventos e um acesso facilitado à agenda do poder público. 


Tenho certeza de que as boas raízes do cooperativismo estarão ainda mais fortes depois de 2025. Uma forma mais justa para resolver os nossos desafios sociais e ambientais está à disposição da sociedade e é preciso semeá-la cada dia mais.

6 de agosto de 2024
Vem de Alagoas um exemplo que merece ser observado com atenção pelos gestores públicos do país.
4 de julho de 2024
Você conhece alguém que se informa pelo WhatsApp sem checar se a informação é verdadeira ou não? Dias atrás, um amigo recebeu um vídeo afirmando que as cooperativas crescem no Brasil porque não pagam imposto. Mais um entre incontáveis conteúdos falsos veiculados nas redes sociais – e que nunca circulam por acaso, pois sempre alguém tira proveito disso. No geral, a carga tributária que incide sobre as cooperativas no país é muito parecida com a das empresas, e não é pequena. Há variações de acordo com o ramo da cooperativa e com o estado onde está sediada. E existem peculiaridades que explico a seguir. Em uma cooperativa, todos os cooperados são donos do negócio. Se você é cooperado e decide investir R$ 10 mil em qualquer produto financeiro da sua cooperativa de crédito, e se sou cooperado e tomo emprestado os mesmos R$ 10 mil, temos o chamado ato cooperativo. Ou seja, uma transação entre cooperados, o que não é tributado pela legislação brasileira. A cooperativa é a intermediária da transação. Porém, quando o negócio envolve terceiros – se a cooperativa compra um imóvel ou contrata o serviço de um fornecedor, por exemplo –, a cooperativa paga imposto normalmente. As cooperativas pagam Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido sobre os atos não cooperativos. Ou seja, nas negociações com quem não é cooperado. E os demais tributos que recaem sobre a atividade produtiva, como ICMS, ISS, PIS e Cofins, são recolhidos rigorosamente pelas cooperativas. Há ainda o Fates – Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, que, embora não seja um imposto, é de recolhimento obrigatório e representa pelo menos 5% das sobras líquidas apuradas pela cooperativa no exercício. O Fates se destina à prestação de assistência aos cooperados e seus familiares e, quando previsto no estatuto, aos colaboradores da cooperativa. É o cooperativismo dando retorno direto às pessoas, algo que o governo também deveria fazer com os impostos, mas sabemos que nem sempre acontece. Outra diferença das cooperativas de crédito em relação aos bancos é o risco: na condição de donos, os cooperados assumem a responsabilidade pelo resultado da cooperativa. Se ele for positivo, as sobras são distribuídas entre os cooperados. Se for negativo, arcam com o prejuízo. Na prática, o que costuma ocorrer é que as cooperativas, por serem bem administradas, distribuem esses valores aos associados, irrigando a economia local de maneira bem distribuída. No caso dos bancos, o lucro fica concentrado na mão dos acionistas. E é claro que, todo ano, cada cooperado faz a sua declaração de Imposto de Renda e acerta individualmente as contas com o Leão. No caso das cooperativas de crédito, só para dar um exemplo, paga imposto sobre os ganhos que venha a obter com operações financeiras. Há ainda incidência direta de Imposto de Renda aos cooperados no pagamento de juros ao capital. Quando o conselho da cooperativa decide remunerar o capital social, o cooperado paga o imposto na sua declaração anual. Felizmente, o meu amigo compartilhou o episódio comigo e pudemos esclarecer a informação. Se há uma notícia na qual você pode confiar é que as cooperativas pagam impostos, sim senhor, e geram desenvolvimento onde atuam, e não apenas no Brasil. Cooperar cria empregos, distribui renda e faz bem à prosperidade em todos os países do mundo.
Mais Posts