Agência bancária do futuro: um lugar voltado para as pessoas

11 de março de 2024

Agência bancária do futuro: um lugar voltado para as pessoas

Para que serve uma agência bancária em tempos de Pix e aplicativos digitais? Acredite: ela existe para que os clientes estejam cada vez mais acompanhados e próximos da instituição, se o banco estiver disposto a ressignificar esta relação.


Essa não é uma suposição. É a experiência da qual tenho o prazer de ser cocriador e testemunha nos últimos anos, com o desenvolvimento das novas agências da Unicred União em Santa Catarina e no Paraná. A cada inauguração, a cooperativa de crédito lapida o conceito de agência do futuro e já aplica experiências que ainda estão no campo das ideias do sistema bancário nacional.


No mês passado, em Jaraguá do Sul, a Unicred União abriu as portas da unidade que já pode ser considerada uma das melhores e mais modernas do país, entre todas as instituições bancárias. Esqueça o aspecto impessoal com guichês e caixas eletrônicos que permanece igual há décadas nos bancos tradicionais: no novo conceito, o cooperado encontra o ambiente para atendimento exclusivo e espaços para fomentar seus próprios negócios. Mas tem muito mais à disposição.


O objetivo principal, de gerir as finanças, está mantido, com locais para o cooperado ser atendido com privacidade pelo gerente de relacionamento. Mas é possível experimentar a agência de outras formas também: há sala disponível para o associado fazer reuniões de trabalho, espaço com cozinha para promover eventos e miniauditório com arquibancada. O MotorCoop, projeto que financia as ações sociais e ambientais da Unicred União, também ganhou uma lojinha no local.


A decisão de eliminar caixas eletrônicos e guichês físicos e apostar em um local de experiência foi baseada nos hábitos e no perfil dos clientes da Unicred União: hoje, mais de 98% das transações financeiras são feitas digitalmente. Ao abrir espaços para fomentar as atividades dos cooperados, a agência se alinha também a princípios do cooperativismo: desenvolver a comunidade e fazer do associado o dono do negócio.


São os cooperados os proprietários de uma cooperativa. Por isso, na nova agência de Jaraguá do Sul a infraestrutura está à disposição dos usuários: não é preciso pagar taxas para usar as salas ou fazer eventos, é só reservar. Em vez de alugar espaços externos, o cooperado conta com a estrutura da cooperativa como suporte para as suas atividades – o que é estratégico especialmente para profissionais sem uma sede física.


A agência hoje é o território da experiência e do relacionamento. O primeiro contato que tive com essa ideia foi ao participar das conferências de Branch Transformation da Retail Banking Research (RBR) na Europa, onde se discute há muitos anos o papel das agências bancárias no mundo todo. A própria Unicred União já apresentou seu novo modelo nesse evento.


O movimento é mundial e este formato deve ser tornar cada vez mais comum. A consultoria global Accenture identificou no ano passado as 10 maiores tendências bancárias, e o renascimento das agências estava entre elas. O estudo confirma a percepção empírica de quem trabalha no mercado: a pandemia apressou a reflexão sobre o papel da agência física. E a resposta não é fechá-las, mas investir em um relacionamento mais empático e personalizado.


O produto desta mudança cria um contraste positivo às práticas (porém frias) transações digitais. A agência do futuro proporciona experiências e trocas presenciais, fomentando negócios e encontros. Deixemos que o virtual cumpra seu papel e que as conexões pessoais tenham cada vez mais espaço e tempo para acontecer.

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Vem de Alagoas um exemplo que merece ser observado com atenção pelos gestores públicos do país.
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Você conhece alguém que se informa pelo WhatsApp sem checar se a informação é verdadeira ou não? Dias atrás, um amigo recebeu um vídeo afirmando que as cooperativas crescem no Brasil porque não pagam imposto. Mais um entre incontáveis conteúdos falsos veiculados nas redes sociais – e que nunca circulam por acaso, pois sempre alguém tira proveito disso. No geral, a carga tributária que incide sobre as cooperativas no país é muito parecida com a das empresas, e não é pequena. Há variações de acordo com o ramo da cooperativa e com o estado onde está sediada. E existem peculiaridades que explico a seguir. Em uma cooperativa, todos os cooperados são donos do negócio. Se você é cooperado e decide investir R$ 10 mil em qualquer produto financeiro da sua cooperativa de crédito, e se sou cooperado e tomo emprestado os mesmos R$ 10 mil, temos o chamado ato cooperativo. Ou seja, uma transação entre cooperados, o que não é tributado pela legislação brasileira. A cooperativa é a intermediária da transação. Porém, quando o negócio envolve terceiros – se a cooperativa compra um imóvel ou contrata o serviço de um fornecedor, por exemplo –, a cooperativa paga imposto normalmente. As cooperativas pagam Imposto de Renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido sobre os atos não cooperativos. Ou seja, nas negociações com quem não é cooperado. E os demais tributos que recaem sobre a atividade produtiva, como ICMS, ISS, PIS e Cofins, são recolhidos rigorosamente pelas cooperativas. Há ainda o Fates – Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, que, embora não seja um imposto, é de recolhimento obrigatório e representa pelo menos 5% das sobras líquidas apuradas pela cooperativa no exercício. O Fates se destina à prestação de assistência aos cooperados e seus familiares e, quando previsto no estatuto, aos colaboradores da cooperativa. É o cooperativismo dando retorno direto às pessoas, algo que o governo também deveria fazer com os impostos, mas sabemos que nem sempre acontece. Outra diferença das cooperativas de crédito em relação aos bancos é o risco: na condição de donos, os cooperados assumem a responsabilidade pelo resultado da cooperativa. Se ele for positivo, as sobras são distribuídas entre os cooperados. Se for negativo, arcam com o prejuízo. Na prática, o que costuma ocorrer é que as cooperativas, por serem bem administradas, distribuem esses valores aos associados, irrigando a economia local de maneira bem distribuída. No caso dos bancos, o lucro fica concentrado na mão dos acionistas. E é claro que, todo ano, cada cooperado faz a sua declaração de Imposto de Renda e acerta individualmente as contas com o Leão. No caso das cooperativas de crédito, só para dar um exemplo, paga imposto sobre os ganhos que venha a obter com operações financeiras. Há ainda incidência direta de Imposto de Renda aos cooperados no pagamento de juros ao capital. Quando o conselho da cooperativa decide remunerar o capital social, o cooperado paga o imposto na sua declaração anual. Felizmente, o meu amigo compartilhou o episódio comigo e pudemos esclarecer a informação. Se há uma notícia na qual você pode confiar é que as cooperativas pagam impostos, sim senhor, e geram desenvolvimento onde atuam, e não apenas no Brasil. Cooperar cria empregos, distribui renda e faz bem à prosperidade em todos os países do mundo.
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